O Ministério da Mediocridade adverte: o KX é prejudicial à burrice contente, ao conformismo babaca, à inércia covarde, à hipocrisia deslavada, à pseudo-felicidade do cidadão comum, à pose esquerdopata e à idiotice útil.

19 de fevereiro de 2012

Ah, o carnaval...

É quando o brasileiro mais mostra o que é: organizado apenas para o desfile da Sapucaí, alienado consciente e voluntário, dúbio, dissimulado e reprimido. As moças se libertam momentaneamente de sua imagem social de "boas para casar", ficando um pouquinho "devassas" ou "facinhas demais" (muitas conseguem engravidar) mas sem se tornarem "putas". Os rapazes se libertam da sua obrigação de macheza, se vestindo de mulher e desmunhecando um pouco, mas sem serem chamados de "viados", é claro. Sim, a classe média - a pior de todas - é a que mais tira proveito do festival da imunidade, quando pode se dar a esses luxos da luxúria sem medo da censura, estigma ou reprimenda social que seria comum por parte de seus pares - agora todos cúmplices por 5 dias.

A sociedade toda assiste abestalhada à rede Globo e seu desfile de mulheres ricas, fúteis, burras e siliconadas, enquanto as pobres feias e desiludidas vão para os "rebanhões" cristãos se consolar. Há também os "retiros espirituais", onde umas poucas também conseguem engravidar. Sim, o carnaval dá uma forcinha para quase todo mundo. Falando em forcinha, quem faz mais a festa mesmo é a midia, pois se já manda na mente do povo e reina absoluta o ano inteiro, nesta época ela toma posse irrestrita de corpos e mentes, ganha ainda mais dinheiro e, por fim, ajuda mais ainda o sistema, ao paralisar aquele pequeno resquício de raciocínio e indignação que a nossa mísera "opinião" pública consegue reunir. Os políticos também agradecem. As empresas deliram.

Além de abadás e mais cerveja, nesta época também vende-se um artigo falsificado pela midia e o governo já há décadas e que eles batizaram de autêntica "cultura brasileira". Na verdade é um pacote de "samba" (falso) e outros elementos e atitudes que eles afirmam ter raízes populares, na senzala, na favela, e todo lugar onde os brancos não pisam mas gostam de idealizar como o núcleo de sua doce cultura pasteurizada, escravista, oligárquica e e eurocêntrica. Belo estelionato cultural, a encher de orgulho e ufanismo nossos corações. Falando nisso, e a subserviência alienada e baba-ovo dos sambas de enredo, enaltecendo os "heróis" da pátria e nossas grandezas sem medida? Também é manifestação "voluntária" da cultura brasileira? Acredite (e se emocione) quem quiser. Andaram os compositores do morro lendo livros de História publicados à época do regime militar?

Ao povo resta apenas uma coisa: a ilusão de estar se divertindo e expressando uma cultura que ele acredita ser dele, além de, agora sim, a grande chance de escapar totalmente à realidade e à responsabilidade, sem precisar daquele pequeno esforço que eles fazem durante o ano. Vamos celebrar, minha gente. A apoteose da hipocrisia, da mentira, da alienação, da exploração, do moralismo escamoteado e da estupidez, tudo bem enfeitado e disfarçado debaixo do manto da folia.