O Ministério da Mediocridade adverte: o KX é prejudicial à burrice contente, ao conformismo babaca, à inércia covarde, à hipocrisia deslavada, à pseudo-felicidade do cidadão comum, à pose esquerdopata e à idiotice útil.

18 de julho de 2016

Por que não ter filhos?

Eu já estou quase passando da idade de ser pai, mas nunca cogitei sê-lo. Acho importante esclarecer para as pessoas mais "simples" que não se trata de gostar ou não de criança. Eu gosto de criança mas, mesmo assim, não quero tê-las. Da mesma forma, por exemplo, eu gosto de cavalos e iates, mas não quero tê-los. Por quê? Custam dinheiro e tomam espaço que eu não tenho e nem vou me matar para tentar ter. E dão um trabalho que eu definitivamente não quero ter. Simples assim. Entretanto, apesar de ser muito simples, eu sei que fica difícil de compreender para quem é comum e precisa seguir padrões para se sentir aceito ou mesmo se ocupar mais.

O mais irônico nessa história toda se passa quando as pessoas questionam a minha posição com aqueles argumentos emocionais (a favor da procriação) que eu não preciso citar e, sem querer e nem perceber, ao mesmo tempo, dão muito mais argumentos contrários! Ao mesmo tempo que dizem que filhos são a melhor coisa do mundo, se queixam de cansaço, falta de tempo, de sexo, de energia, de dinheiro, de paz de espírito, etc. Felizmente, eu sou uma pessoa que aprende com os erros dos outros. Não preciso me queimar para aprender que fogo queima. Ok, eu confesso: na verdade, quase ninguém me questiona, me aconteceu poucas vezes, porque eu não dou chance e tenho o mínimo contato possivel com gente "simples", mas eu sei como é com a maioria das pessoas não-procriantes, especialmente mulheres.

Assim sendo, independentemente da opinião alheia, eu prefiro me abster da "melhor coisa do mundo" na opinião da plebe e manter alguns privilégios que eu tenho: tranquilidade, dinheiro sobrando mesmo ganhando pouco, todo o tempo do mundo (depois do trabalho, claro), condições de poder fazer o que eu quiser na hora em que eu quiser, dormir bem e à vontade, ter uma vida sexual ativa e sem empecilhos, liberdade, poder me mudar a qualquer momento, viajar, ter tempo para fazer música, esportes, artes, contemplação, reflexão, leitura, escrever (como faço agora), não ter horários ou obrigações com quem quer que seja, e nem correr o risco de ser obrigado a lidar com mãe de filho meu me chantageando depois de divórcio, dar pensão e nem ver prole minha se transformando em certas coisas que eu acho repugnantes (acontece). Por fim, não vou ficar esperando auxílio e nem atenção de filho quando eu ficar velhinho. Não esperar é melhor do que receber porque, mesmo recebendo, nunca é o suficiente.

Quer dizer então que eu critico quem é pai e acho que não tem nada de bom na paternidade? De modo algum. Cada um na sua, e sempre tem algo bom em tudo. Eu consigo enxergar as coisas boas e bonitas na vida de quem tem filhos. Mas eu apenas não preciso delas e prefiro o que eu tenho. Mesmo sendo uma pessoa bem sensível, eu tenho o raro poder de colocar a racionalidade acima dos meus sentimentos. Talvez por isso eu saiba aprender com os erros alheios, como já mencionei. Vou ser honesto novamente, e nada modesto: eu adoro esse meu traço de personalidade aristocrático!

E, falando em aristocracia, aqui vai um argumento mais "filosófico": eu veria um pouco mais de propósito em ser pai em eras passadas, quando ainda havia algum resquício de seleção natural e honra nas sociedades humanas. Com o advento do mundo burguês "democrático", todo mundo passou a ser igual, independentemente de seu valor, a cultura chegou ao seu nível mais baixo, e vivemos sob domínio dos medíocres, fracos e degenerados. Na verdade, há uma seleção natural inversa agora - uma "de-evolução"! Os mais fracos progridem e procriam mais! Vivemos a era dos escravos. Não tenho "tesão" em colocar um filho neste mundo. Sei que isso está muito fora da realidade intelectual de quase todo mundo, mas está bem dentro da minha.

Enfim, o que eu fiz aqui não foi uma justificativa pessoal e nem explicação sem necessidade, mas apenas uma elaboração, um desenvolvimento de raciocínio, uma análise cultural sobre um tema que me veio à mente hoje, por eu já ter ouvido muita gente falar sobre isso, não necessariamente comigo mas, com certeza, muitas vezes.