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9 de dezembro de 2014

Futebol e sexualidade

Existem certas "sabedorias" populares que nunca morrem, apesar do avanço da ciência e da informação. Por exemplo: ateu é "satânico"; gay é pedófilo; quem não gosta de futebol é maricas, etc. Dentre elas, a última me perturba mais, e não porque poderia me afetar (eu odeio futebol e qualquer esporte de torcida) pois eu cago para o que comuns dizem e possa se aplicar a mim. Me perturba mesmo é pelo grau de simplicidade. Trata-se de uma "sabedoria" ainda mais simplória do que aquelas envolvendo minorias que realmente podem ter um estilo de vida ou ideologia bem diferentes da maioria.

Qual é o "lance" do futebol? Trata-se de apenas mais uma imposição cultural, assim como se vestir, ou usar talher. Só que faz parte daquelas imposições culturais que devem ser percebidas como "gosto" e que as pessoas devem adotar para fazer parte de uma "tribo". Na nossa cultura, futebol, tradicionalmente falando, é "gosto" obrigatório para "homens machos" e denota virilidade. E por isso os meninos são obrigado pelos pais e pelo grupo a ser futebolistas, sob pena de humilhação pública e dúvidas desconfortáveis sobre sua sexualidade.

É verdade que homens gays tendem a não gostar de futebol, mas isso não tem nada a ver com "falta de macheza" ou virilidade. Isso ocorre simplesmente porque o futebol não vai facilitar a integração social deles. E mesmo que eles gostem de macho, eles sabem que se integrar futebolisticamente num grupo de machos não vai funcionar sexualmente para eles como eles gostariam - supondo que tal integração ocorra. E temos outra prova cabal sobre futebol não ser "coisa de macho" que é o fato de grande parte da mulherada hoje em dia ter se tornado futebolista também, sob ordens da midia. Ora, se fosse coisa de macho mesmo, o marketing não teria colado. Enfim, se gay tende a não gostar de futebol, isso não significa que quem não gosta de futebol tenda a ser gay, mas provavelmente, tem outros interesses, geralmente muito mais atraentes. Eu mesmo fico calado em grupos de machos quando eles discutem futebol, e fico muito feliz por isso. Me apavora a idéia de ter tal assunto como uma de minhas pautas principais, ou pior ainda, a minha única pauta.

Bom, fica aqui o meu testemunho. Sou bem "macho" e odeio futebol. Meninos, não temam. Se vocês não gostam de futebol, podem ser tanto gays quanto hetero, e nenhuma das duas coisas é ruim. Não aceitem determinismos tacanhos! Não aceitem rótulos ou papéis sociais baseados em cretinices.  E se vocês forem hetero, provavelmente farão parte do grupo de heteros mais interessante que existe - os pensantes, conscientes, com opinião, que não têm medo de destoar e são seguros de si. Vocês não vão comer muitas mulheres (se forem também introspectivos e filosóficos), mas vão comer as melhores, e transar muito mais gostoso, pois vocês já serão homens sem a obrigação de provar ao mundo que são "machos". Serão assim mais felizes e sábios do que aquela grande maioria que perde um tempo precioso torcendo para times e comentando jogos com os amigos. Sem generalizar. é claro.