O famoso/infame filósofo Pondé escreveu num livro dele que, no futuro, as pessoas ricas jamais sairão de casa, porque o mundo ficou muito brega. Ele se referia a não mais viajar e ter que aturar todos aqueles pobres alegrinhos por estarem "andando de avião" e tirando fotos toscas em lugares turísticos pelo mundo afora para depois colocar no facebook (ou algo que o valha).
E eu digo que não apenas os ricos, mas também qualquer pessoa com alguma noção vai deixar de viajar, ou vai ter a difícil tarefa de viajar evitando todo e qualquer ponto turístico - o que é possível, mas muito mais complexo e dispendioso, pois os "pacotões" deixam as viagens muito mais acessíveis - o que é justamente o motivo de tanta gente brega poder viajar hoje em dia.
Mas, peraí. Não é a burguesia que era brega? Aqui poderíamos entrar num debate ideológico, pois a classe média esquerdinha politicamente correta (que odeia o Pondé e se acha educada) sempre gostou de dizer isso. Eu não vou entrar no debate mas, simplesmente, citar a diferença que interessa: pode até ser sim, mas quando apenas ela viajava, era pouca gente, e nem toda burguesia é brega. Ou seja, não incomodava, não estragava nada.
O fato é que, agora, com a inclusão do proletariado, virou um inferno. Muita gente mal-educada, extremamente inculta, burra, espalhafatosa, abobada, viajando não por qualquer curiosidade ou para alimentar a alma, mas simplesmente porque viajar é mais uma coisa que podem consumir parcelando no cartão e ostentar no facebook. Na minha primeira e única viagem à Europa, eu me enojei com isso, ao perceber que o mercado do turismo virou um grande McDonald's em horário de pico. Não que eu já não soubesse, mas quando você se vê dentro disso é que se irrita um pouco. Em vários momentos me senti como uma cabeça de gado, mesmo sempre evitando os lugares, horários e atrações mais óbvias. Ter ido num "pacote" e não numa excurção (opção mais pobre ainda) me dava tal flexibilidade, mas mesmo assim, você acaba preso em manadas de comuns em vários momentos. É o preço que se paga por ser capaz de viajar hoje em dia.
E por que o mal-estar? Primeiro, os números - muita gente inviabiliza sentir o "espírito" local e cria algazarra, além de filas, etc. Segundo, o comportamento da gentalha inculta e bocó, que eu nem preciso comentar. E não me refiro apenas a brasileiros fazendo "brasileirices", mas também outros povos emergentes e extremamente desagradáveis, como chineses, por exemplo. Sempre que olhava para eles, eu tinha a nítida impressão que eles não tinham a menor ideia de onde estavam, como se tivessem sido abduzidos ali, apenas cumprindo um roteiro, para receber um certificado ao final. O governo chinês pelo menos faz campanha para que eles (notórios mal-educados) se comportem fora de casa. Já, o brasileiro é "irreverente" e a ele não caberia tal iniciativa. O brasileiro também não sabe muito bem onde está. No caso específico que eu, infelizmente, presenciei, eles lá estavam por causa de alguma novela da Globo! Mas isso não é problema para eles, pois basta saber que estão no "exterior" (coisa de rico) e num lugar cujo nome é familiar aos amigos iletrados, que o ouviram durante a novela, o que justifica toda a alegria, ostentação, e um orgulho de ser brasileiro, que lá fora fica inchado. Eles chegam no hotel procurando brasileiros, perguntando sobre a novela e outras pobrezas. Eu, obviamente, finjo que sou "gringo" e só peço licença em inglês, quando esbarro neles. Um enorme alívio, entretanto, foi saber que eu estava, por acidente, apenas no trajeto deles, e não indo ao mesmo destino glorificado pela novela - ou me mataria ali mesmo.
Enfim, assim como os ricos que o Pondé cita, eu, mesmo pobre, sempre preferi ficar em casa - e sempre fiquei - pelos motivos acima, mas também sempre tive fascínio por ver e experimentar outros lugares e culturas; especialmente os que eu visitei na viagem que fiz. A vida ficaria ainda mais miserável se eu tivesse que abandonar tal fascínio. Agora é tomar coragem de começar a planejar viagens com roteiros estranhos e sem pacote. Vai ser mais caro e difícil, mas não vai ter outro jeito.
E eu digo que não apenas os ricos, mas também qualquer pessoa com alguma noção vai deixar de viajar, ou vai ter a difícil tarefa de viajar evitando todo e qualquer ponto turístico - o que é possível, mas muito mais complexo e dispendioso, pois os "pacotões" deixam as viagens muito mais acessíveis - o que é justamente o motivo de tanta gente brega poder viajar hoje em dia.
Mas, peraí. Não é a burguesia que era brega? Aqui poderíamos entrar num debate ideológico, pois a classe média esquerdinha politicamente correta (que odeia o Pondé e se acha educada) sempre gostou de dizer isso. Eu não vou entrar no debate mas, simplesmente, citar a diferença que interessa: pode até ser sim, mas quando apenas ela viajava, era pouca gente, e nem toda burguesia é brega. Ou seja, não incomodava, não estragava nada.
O fato é que, agora, com a inclusão do proletariado, virou um inferno. Muita gente mal-educada, extremamente inculta, burra, espalhafatosa, abobada, viajando não por qualquer curiosidade ou para alimentar a alma, mas simplesmente porque viajar é mais uma coisa que podem consumir parcelando no cartão e ostentar no facebook. Na minha primeira e única viagem à Europa, eu me enojei com isso, ao perceber que o mercado do turismo virou um grande McDonald's em horário de pico. Não que eu já não soubesse, mas quando você se vê dentro disso é que se irrita um pouco. Em vários momentos me senti como uma cabeça de gado, mesmo sempre evitando os lugares, horários e atrações mais óbvias. Ter ido num "pacote" e não numa excurção (opção mais pobre ainda) me dava tal flexibilidade, mas mesmo assim, você acaba preso em manadas de comuns em vários momentos. É o preço que se paga por ser capaz de viajar hoje em dia.
E por que o mal-estar? Primeiro, os números - muita gente inviabiliza sentir o "espírito" local e cria algazarra, além de filas, etc. Segundo, o comportamento da gentalha inculta e bocó, que eu nem preciso comentar. E não me refiro apenas a brasileiros fazendo "brasileirices", mas também outros povos emergentes e extremamente desagradáveis, como chineses, por exemplo. Sempre que olhava para eles, eu tinha a nítida impressão que eles não tinham a menor ideia de onde estavam, como se tivessem sido abduzidos ali, apenas cumprindo um roteiro, para receber um certificado ao final. O governo chinês pelo menos faz campanha para que eles (notórios mal-educados) se comportem fora de casa. Já, o brasileiro é "irreverente" e a ele não caberia tal iniciativa. O brasileiro também não sabe muito bem onde está. No caso específico que eu, infelizmente, presenciei, eles lá estavam por causa de alguma novela da Globo! Mas isso não é problema para eles, pois basta saber que estão no "exterior" (coisa de rico) e num lugar cujo nome é familiar aos amigos iletrados, que o ouviram durante a novela, o que justifica toda a alegria, ostentação, e um orgulho de ser brasileiro, que lá fora fica inchado. Eles chegam no hotel procurando brasileiros, perguntando sobre a novela e outras pobrezas. Eu, obviamente, finjo que sou "gringo" e só peço licença em inglês, quando esbarro neles. Um enorme alívio, entretanto, foi saber que eu estava, por acidente, apenas no trajeto deles, e não indo ao mesmo destino glorificado pela novela - ou me mataria ali mesmo.
Enfim, assim como os ricos que o Pondé cita, eu, mesmo pobre, sempre preferi ficar em casa - e sempre fiquei - pelos motivos acima, mas também sempre tive fascínio por ver e experimentar outros lugares e culturas; especialmente os que eu visitei na viagem que fiz. A vida ficaria ainda mais miserável se eu tivesse que abandonar tal fascínio. Agora é tomar coragem de começar a planejar viagens com roteiros estranhos e sem pacote. Vai ser mais caro e difícil, mas não vai ter outro jeito.