Acabo de ler uma notícia que me deixou a pensar sobre a morte e os melhores modos de encontrá-la. E, paradoxalmente, quem realmente vive a vida não tem problema algum em imaginar o fim dela, o que traz implicações não apenas filosóficas, existenciais mas práticas também. Cheguei a um ranking dos 3 melhores modos de morrer, e vou partilhar com vocês a minha opinião:
Medalha de bronze: morte instantânea e não-anunciada. Seja por acidente, bala perdida, derrame fulminante ou algo que o valha, onde não há tempo sequer de perceber o fato. A morte ideal para o covarde. Mas notem que não uso o termo de forma pejorativa e nem ofensiva! Todos nós, sem exceção, somos covardes em alguns momentos - todos nós. E se a morte for um momento desses, este é o modo ideal. Como menção honrosa, eu também citaria a morte intoxicada, mas desde que ocorra na fase agradável da intoxicação. A morte repentina é bem democrática e está ao alcance de todos, muito embora poucos sejam os felizardos contemplados.
Medalha de prata: o suicídio. Nossa cultura o vê como um ato desesperado, escapista e covarde, mas não é nada disso. Eis um estigma muito injusto. É verdade que alguns suicidas se encaixam neste estereótipo, mas nem todos! Em alguns casos, é justamente o contrário. Dar fim à própria vida pode ser um ato extremamente sereno, lúcido, racional e corajoso - totalmente o oposto do que se pensa. E eu considero um enorme privilégio ter o poder de decidir quando nossa existência termina, de forma lúcida e tranquila. Já que não nos foi dado escolher quando ela começa. Em tese também seria um modo aberto a todos, mas sabemos que pouquíssimos tem a coragem de utilizá-lo. Isso mesmo. Coragem.
Medalha de ouro: morte em combate. Não me refiro a briga, mas combate mesmo, militar. Mais um modo para os destemidos. Diria que é a morte mais bela de todas, galante e com menos dor do que se imagina - em alguns casos - pois geralmente há hormônios e sentimentos anestesiantes no campo de batalha. Estavam certíssimos os vikings, os samurais e outros povos ou classes guerreiras e aristocráticas quando chamavam esta de a "boa morte". Mas, infelizmente, para nós, não basta coragem para ter direito a ela, pois os tempos são outros. Hoje em dia pouquíssimos se encontram em circunstâncias que a possibilitem e, mesmo assim, já não há mais a beleza do passado, por causa da nossa tecnologia avançada, política e ideologia burguesa.