Existir é difícil. Crescer e aprender mais ainda. Mas precisamos fazer tudo isso, embora muitos não façam. Durante nossa vida, perdemos tudo o que temos, até por fim perder a própria vida - que não é a maior perda, ao contrário do que parece.
O fato é que a única coisa que temos a adquirir e não vamos perder é o conhecimento, mas não me refiro àquele da escola e nem ao que chamam "sabedoria popular" (mero instrumento de manutenção da tradição). Aquele ao qual me refiro eu não vou explicar, pois quem entende já sabe e quem não entende jamais saberá. Ele tem seu preço: desapego e crescimento verdadeiro ("espiritual" para usar um termo corrente e bem vago). Como dói pagar, tal conhecimento é restrito a poucos, e evitado pela grande maioria, que prefere se esconder em mentiras e "analgésicos da existência", mantendo-se na ignorância e na infantilidade egocêntrica e amedrontada, agarrando-se a coisas, ideias e pessoas, em busca de uma falsa segurança e estabilidade.
E aqui vai a grande distorção que a cultura comum faz propositadamente com o conceito de "maturidade": para o comum, maduro é quem mostra que "cresceu" aceitando os dogmas e valores da sociedade, tudo aquilo que lhe é imposto, enquanto rotulam de imaturos aqueles que se negam a aceitar tal ditadura. Aqueles que não se casam, não abrem mão de sua liberdade, irreverência e prazeres, não aceitam o que os simplórios chama de "compromisso", não procriam, não consomem "socialmente" e etc são taxados de imaturos, como se não "evoluíssem", sendo que a verdade é justamente o contrário - evolução é pensar com autonomia e independência, ser diferente de forma racional e com argumentos, quebrar paradigmas - e não simplesmente se submeter a eles! Afinal são as crianças que precisam (segundo a lógica social) de regras e limites sem fundamento muito concreto ou claro.
Enfim, trata-se novamente de uma enorme mentira para manipular as pessoas, pois adultos mesmo são aqueles que mantém uma mentalidade livre, inquisitiva e autônoma - e agem de acordo com ela. Justamente por serem os verdadeiros adultos, não temem ser diferentes, a censura e nem a solidão. E por terem alcançado o conhecimento a que me referi no começo deste texto, eles sim, só enxergam crianças (velhas e muito bem comportadas) quando olham a seu redor.
